Business Strategy in the Global Economy - BUS530 - 4.3

Mercados emergentes

Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.

Mercados emergentes

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

“Os maiores desafios do mundo contêm as maiores oportunidades de negócio”. Diamandis e Kotler (2018, p. 77) 

Mercados emergentes são compostos por nações que em oposição à economias avançadas do planeta, passam por rápido crescimento econômico, industrialização e modernização. A maioria desses mercados é caracterizada por uma população jovem, uma classe média em expansão e interessante potencial de desenvolvimento. Cavusgil (2010, p. 200) sustenta que “embora os países emergentes sejam mercados atrativos e bases de manufatura de baixo custo, eles também tendem a apresentar infraestrutura comercial inadequada, sistemas judiciários em formação e um ambiente de alto risco para os negócios”. Veja, caro leitor, que os mercados emergentes são ambientes importantes para internacionalização de negócios quando estáveis, porém, o próprio termo estável é objeto de preocupação nestes mercados. Veja por exemplo alguns dos principais mercados emergentes do planeta: China, Índia, Brasil, México, Turquia, Rússia. Se observar o noticiário sobre a situação social e política, distribuição de renda e índice de desenvolvimento humano, por exemplo, pode-se notar preocupações ainda latentes.

Apesar de preocupações citadas, os mercados emergentes começaram a gerar novos desafiantes globais, empresas de ponta que rapidamente se tornaram os principais concorrentes no mercado mundial. Elas impõem desafios competitivos às empresas das economias avançadas, como países da Europa, Japão e América do Norte. 

Os novos desafiantes globais, representados por empresas de expressão internacional, adotam estratégias de negócios como o uso de recursos naturais nativos, fontes de baixo custo de mão de obra, talento para engenharia e gestão, que em alguns casos superam os de seus concorrentes em países altamente industrializados. Outra estratégia dos novos desafiantes globais é transformar a engenharia tradicional em engenharia de inovação. Veja o exemplo das empresas de alimentos e de aviação no Brasil, que aproveitam a riqueza em extensão territorial, clima fértil de terras e ambientes para criação de animais, os recursos naturais avantajados e a vasta força de trabalho para tornar-se empresas de grande expressão no planeta. Mesmo com menor qualidade em mão de obra e ainda uma sofrível qualificação profissional, quando comparada ao desenvolvimento acadêmico/científico de países desenvolvidos, o país ainda consegue se destacar em vários mercados.

Economias avançadas, economias em desenvolvimento e mercados emergentes

As economias avançadas são representadas por países da era pós-industrial caracterizados por alta renda per capita, setores altamente competitivos e infraestrutura comercial bem desenvolvida. São compostas pelos países mais ricos do mundo como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Japão e a maioria dos países europeus. As economias em desenvolvimento são países de baixa renda, caracterizados por industrialização limitada e economias estagnadas, exemplificados por Nicarágua, Zaire, Bangladesh. Já as economias de mercado emergente, ou mercados emergentes representam o subconjunto de economias em desenvolvimento que, a partir da década de 1980, passaram a atingir um nível considerável de industrialização, modernização e rápido crescimento econômico. As economias diferenciam-se pelo grau de desenvolvimento econômico e renda per capita. Cavusgil (2010) apresenta 27 países classificados como mercados emergentes, sendo os principais: China, Índia, Brasil e Rússia. Vejamos então algumas das principais características destes três tipos de economia.

Economias avançadas: adotam sistemas democráticos e pluripartidarismo de governo, compostos por sistemas econômicos com pouca intervenção governamental e possuem importante poder de compra com poucas restrições ao comércio e aos investimentos internacionais. Abrigam as maiores multinacionais do mundo.

Economias em desenvolvimento: seus consumidores possuem baixa renda discricionária, sendo a proporção da renda pessoal gasto com compras que não de alimentos, roupas e habilitação muito limitada. Segundo Cavusgil (2010, p. 202) “cerca de 17% da população das economias em desenvolvimento vive com menos de US$ 1 por dia. Aproximadamente 40 por cento vive com menos de US$ 2 por dia”. A combinação de baixa renda com alta natalidade costuma perpetuar a característica de pobreza dessas economias, em alguns casos chamadas de países subdesenvolvidos ou países de terceiro mundo. As economias em desenvolvimento também são afetadas por alto índice de mortalidade infantil, desnutrição, baixa expectativa de vida, analfabetismo e sistemas educacionais precários. É bastante comum os governos de países em desenvolvimento endividarem-se seriamente. Veja, caro leitor, que o comércio e os investimentos internacionais contribuem para estimular o crescimento econômico, gerar empregos, aumentar renda e baixar preços para bens e serviços demandados por consumidores e empresas.

Economias de mercado emergente: os mercados emergentes são encontrados ao leste e sul da Ásia, na Europa Orienta, na África do Sul, na América Latina e no Oriente Médio. A característica mais distintiva é que esses países estão rapidamente obtendo melhorias em seus padrões de vida e a expansão da classe média em decorrência de aspirações econômicas são crescentes. Alguns países que vêm se juntando ao Brasil, África do Sul, Rússia, Índia e China são Hong Kong, Israel, Arábia Saudita, Coréia do Sul e Taiwan. Os mercados emergentes do Leste Europeu como a República Tcheca, Hungria e Polônia também se engajaram em uma rápida privatização de empresas estatais desde 1989, após passarem de economias de planejamento central para mercados liberalizados. As privatizações de empresas caracterizam a chamada economia de transição, que tem muito potencial de crescimento na visão de Cavusgil (2010).

Perceba, caro leitor, quando as economias de transição liberalizarem seus mercados, muitas empresas estrangeiras iniciam relações de comércio e investimento com elas, um passo importante para a internacionalização de mercados. A privatização propicia oportunidades para que as empresas estrangeiras ingressem nesses mercados com a compra de empresas antes estatais.

Os mercados emergentes possuem vantagens que fomentam seu crescimento. A existência de mão de obra barata, trabalhadores especializados, apoio governamental, capital de baixo custo e uma rede de conglomerados contribui para torná-los desafiantes no mercado global. Os novos desafiantes globais são empresas de ponta de mercados emergentes em acelerada expansão, que rapidamente se tornam fortes competidores nos mercados mundiais.

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Leia o artigo: Principais desafios da internacionalização dos negócios.

"Principais desafios da internacionalização dos negócios"

Estratégias de negócios nos mercados emergentes

Condições de mercado diferenciadas no exterior compelem as empresas a buscarem enfoques igualmente diferenciados. Para que negócios sejam vistos como oportunidades interessantes para mercados diversificados, é importante que as empresas busquem estratégias igualmente diferenciadas, e três estratégias são interessantes para que as empresas obtenham êxito nos mercados emergentes, de acordo com Cavusgil (2010). Vejamos.

Parcerias com conglomerados: os conglomerados são fortes participantes em suas respectivas economias e têm muito capital para investir em novos empreendimentos. Para as empresas estrangeiras que pretendem fazer negócios nos mercados emergentes, os conglomerados podem ser parceiros valiosos. Considere, caro leitor, que ao colaborar com um conglomerado, a empresa emergente pode: 1. Reduzir riscos, tempo e necessidade de capital para entrar nos mercados visados; 2. Desenvolver relações úteis com governos e outros participantes locais importantes; 3. Visar oportunidades de mercado de modo mais rápido e eficaz; 4. Superar obstáculos relacionados à infraestrutura; 5. Alavancar recursos e contratos locais do conglomerado.

Vendas governamentais nos mercados emergentes: nos mercados emergentes, bem como em economias em desenvolvimento, os órgãos públicos e as empresas estatais constituem um importante grupo de consumidores, por três motivos: 1. Os governos compram grande quantidade de produtos e serviços; 2. Os empreendimentos estatais em áreas como ferrovias, transporte aéreo, bancos, petróleo, químicos e aço compram bens de serviços de fornecedores estrangeiros e 3. O setor público influencia as atividades de compras de várias corporações privadas ou semi privadas. Os governos de países emergentes, bem como os de países em desenvolvimento, geralmente formulam planos de desenvolvimento econômico e programas anuais para construção ou reforma da infraestrutura nacional. Os governos preferem então negociar com empresas que oferecem pacotes completos de venda e suporte técnico, e são atraídos por negociações que geram empregos locais, utilizam recursos locais, reduzem a dependência das importações e proporcionam outras vantagens para o país.

Habilidade em desafiar os concorrentes dos mercados emergentes: os novos desafiantes globais possuem vários pontos fortes que os tornam concorrentes de peso no mercado global. Vantagens como mão de obra de baixo custo, força de trabalho especializada, apoio governamental e a forte presença dos conglomerados estão fomentando o surgimento de empresas que ficam com participação de mercado maior junto aos competidores estrangeiros estabelecidos.

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De acordo com Drucker (2010), do mesmo modo que o empreendedorismo requer gestão empreendedora, ou seja, políticas dentro da empresa, ele requer também práticas e políticas externas, no mercado. Ou seja, requer estratégias empreendedoras. Estas estratégias não ficam restritas na atualidade aos mercados regionais e nacionais, e o empreendedorismo internacional se estabeleceu como prática de expansão das empresas da atualidade. Drucker (2010) anda nos ensina que existem quatro estratégias específicas empreendedoras:

  • A estratégia “com tudo e pra valer”.
  • Ataque onde eles não estão.
  • Descobrir e ocupar um nicho ecológico especializado.
  • Mudar as características econômicas de um produto, mercado ou setor.

Em resumo

Nesta aula, vimos que mercados emergentes são compostos por nações que em oposição a economias avançadas do planeta, passam por rápido crescimento econômico, industrialização e modernização. A maioria desses mercados é caracterizada por uma população jovem, uma classe média em expansão e interessante potencial de desenvolvimento. As economias avançadas são representadas por países da era pós-industrial caracterizados por alta renda per capita, setores altamente competitivos e infraestrutura comercial bem desenvolvida. São compostas pelos países mais ricos do mundo como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Japão e a maioria dos países europeus. As economias em desenvolvimento são países de baixa renda, caracterizados por industrialização limitada e economias estagnadas, exemplificados por Nicarágua, Zaire, Bangladesh. Já as economias de mercado emergente, ou mercados emergentes representam o subconjunto de economias em desenvolvimento que, a partir da década de 1980, passaram a atingir um nível considerável de industrialização, modernização e rápido crescimento econômico. As economias diferenciam-se pelo grau de desenvolvimento econômico e renda per capita. São 27 os países classificados como mercados emergentes, sendo os principais: China, Índia, Brasil e Rússia. Por fim, vimos que estratégias de negócios nos mercados emergentes são baseadas em: parcerias com conglomerados, vendas governamentais nos mercados emergentes e habilidade em desafiar os concorrentes dos mercados emergentes.

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Cavusgil, S. T. (2010). Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 

Diamandis, Peter; Kotler, Steven. (2018). Oportunidades exponenciais: um manual prático para transformar os maiores problemas do mundo nas maiores oportunidades de negócio. Rio de Janeiro: Alta Books.

Drucker, Peter. (2010). Gestão. Rio de Janeiro: Agir.

Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.

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Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Internacionalização de Empresas: Teorias e Aplicações

Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira

Saint Paul, 2013

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